No fim da Segunda Guerra Mundial, havia a esperança da paz ao fundo
do túnel europeu. Hoje, há a esperança de qualquer coisa que parece mais
próxima mas que, dia após dia, se revela mais inatingível e mais
abstrata: a união política europeia. Dirigentes, economistas e juristas
reclamam-na; os apelos dos intelectuais multiplicam-se. Mas ninguém age
de forma concreta. Os tabus que nos levaram a apagar dos Tratados
europeus palavras como constituição, federação e, até, lei continuam a
dominar.
Toda a gente sabe que o cenário mudou e que se formou um "espaço
público europeu". Não o espaço de coesão e de opinião pública comum
desejado pelos federalistas, guardiães da grande tradição. Mas um espaço
marcado negativamente pelas restrições e pelos fardos aceites pelos
"outros", ou seja, pelos mais pobres ou pelos mais ricos, consoante se
seja do Norte ou do Sul. Não é de espantar que, nesse espaço, cresça a
prosperidade política daqueles que falam contra a Europa e as suas
instituições. Acusam-na, não de ser um escudo ineficaz contra a crise,
mas abertamente de a ter causado. (mais...)
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