Aqui fica a notícia publicada no DN:
Eurodeputado defende que o fim da UE teria como consequência o regresso
às guerras no continente e sustenta que "Portugal tem hoje maior
influência na definição da política monetária do que tinha no tempo do
escudo"
"No
dia em que passarmos a ler jornais europeus, como o Die Welt ou o
Corriere della Sera, em vez de lermos só os anglo-saxónicos, deixaremos
de dar tanta atenção às agências de rating", declarou, esta tarde, Paulo
Rangel na Universidade de Verão da JSD, num debate sobre o tema
"Precisamos de uma Europa Federal?"
A sua oponente no frente-a-frente, a eurocética Manuela Franco, que foi secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação de Durão Barroso, retorquiu, em jeito de contraponto, que prefere a imprensa americana e inglesa porque, ao contrário da europeia continental, é dissonante em relação ao poder governamental - e, acerca da queixa dos europeus relativamente às agências de rating, lembrou que os donos da Fitch "são franceses".
Entrando em polémica, além de sustentar que a maioria dos decisores atuais não consegue ler francês, alemão ou italiano, acabando por ter apenas uma perspetiva única sobre a realidade, Paulo Rangel revelou ainda que eurodeputados ingleses admitem, nos corredores de Bruxelas, que, se forem assumidamente mais pró-europeus, tornam-se reféns da imprensa londrina.
Na sua intervenção, o eurodeputado social-democrata sustentou que o "cenário alternativo" ao federalismo que defende será o "caos", pois "a Europa iria regressar à sua tradição: desde há 2500 anos, resolve os seus conflitos através de guerras". Na sua leitura, sobretudo depois de ter verificado o ódio entre os parlamentares eslovacos e húngaros, entre representantes de outros povos e nações eslavos em Bruxelas, mas também ao refletir sobre os desejos autonómicos da Flandres e da Padânia, do País Basco e da Catalunha, da tentativa cada vez mais premente de secessão da Escócia, concluiu que "a desintegração do euro e da UE teria como consequência uma confrontação armada" no Velho Continente.
Além de assegurar o objetivo da paz (e também de garantir o peso económico e político da UE numa cena internacional onde há novas potências emergentes, do Brasil à Índia, do México à Austrália), o federalismo "aumentaria a capacidade de influência dos pequenos e médios Estados europeus", em detrimento da atual "conceção aristocrática" de um diretório dos grandes países. E Paulo Rangel sublinha que esse passo permitiria também perceber que, "quando estamos a votar nas Legislativas, só estamos a eleger uma Junta de Freguesia, pois as decisões são tomadas noutra sede mais distante".
Fernando Madaíl
in DN 31.08.2012
A sua oponente no frente-a-frente, a eurocética Manuela Franco, que foi secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação de Durão Barroso, retorquiu, em jeito de contraponto, que prefere a imprensa americana e inglesa porque, ao contrário da europeia continental, é dissonante em relação ao poder governamental - e, acerca da queixa dos europeus relativamente às agências de rating, lembrou que os donos da Fitch "são franceses".
Entrando em polémica, além de sustentar que a maioria dos decisores atuais não consegue ler francês, alemão ou italiano, acabando por ter apenas uma perspetiva única sobre a realidade, Paulo Rangel revelou ainda que eurodeputados ingleses admitem, nos corredores de Bruxelas, que, se forem assumidamente mais pró-europeus, tornam-se reféns da imprensa londrina.
Na sua intervenção, o eurodeputado social-democrata sustentou que o "cenário alternativo" ao federalismo que defende será o "caos", pois "a Europa iria regressar à sua tradição: desde há 2500 anos, resolve os seus conflitos através de guerras". Na sua leitura, sobretudo depois de ter verificado o ódio entre os parlamentares eslovacos e húngaros, entre representantes de outros povos e nações eslavos em Bruxelas, mas também ao refletir sobre os desejos autonómicos da Flandres e da Padânia, do País Basco e da Catalunha, da tentativa cada vez mais premente de secessão da Escócia, concluiu que "a desintegração do euro e da UE teria como consequência uma confrontação armada" no Velho Continente.
Além de assegurar o objetivo da paz (e também de garantir o peso económico e político da UE numa cena internacional onde há novas potências emergentes, do Brasil à Índia, do México à Austrália), o federalismo "aumentaria a capacidade de influência dos pequenos e médios Estados europeus", em detrimento da atual "conceção aristocrática" de um diretório dos grandes países. E Paulo Rangel sublinha que esse passo permitiria também perceber que, "quando estamos a votar nas Legislativas, só estamos a eleger uma Junta de Freguesia, pois as decisões são tomadas noutra sede mais distante".
Fernando Madaíl
in DN 31.08.2012